Os agricultores familiares do perímetro irrigado de Mandacaru, no município de Juazeiro, semiárido baiano, comemoram o aumento da produtividade e a redução de custos operacionais. Os bons índices são resultado da mudança, realizada pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), do sistema de irrigação do perímetro com o objetivo de proporcionar o uso mais eficiente da água e contribuir para a revitalização da bacia hidrográfica do rio São Francisco.
“A Codevasf veio para mudar a vida das pessoas no semiárido. Esse novo sistema foi uma benção. Hoje mais do que dobramos a produção e conseguimos aumentar a área de plantio”, comemora o agricultor familiar Deuzival Saraiva de Souza. Ele mora no perímetro irrigado de Mandacaru com a mulher e dois filhos desde 1995 e cultiva principalmente melão e cebola.
A troca do antigo sistema de irrigação por sulcos pelo sistema localizado (microaspersão ou gotejamento, a depender da cultura de cada agricultor familiar) foi feita sem alterar a estrutura do perímetro em 50 lotes familiares – os quais representam quase os 400 hectares classificados como irrigáveis do perímetro, que conta com área total de 800 hectares. Entre os resultados já obtidos com a mudança estão o aumento dos índice de produtividade, a redução dos custos gerais de produção, a melhoria da qualidade dos produtos e o aumento da competitividade do agricultor.
A agricultora familiar Maria Madalena, há sete anos como produtora no perímetro de Mandacaru, diz que o novo sistema de irrigação tem facilitado o cultivo de sua produção de cebola e manga. “Melhorou muito. Antes para tirar uma roça a despesa era mais alta. Com a mudança para o sistema de gotejamento, diminuiu bastante a despesa e a produção só aumentou”, garante.
“Nós adequamos o novo sistema em função das culturas de cada lote de forma individualizada. Calculamos todos os conjuntos de bombeamento, eficiência e custos de operação e produção de forma única, conseguindo respostas lógicas para os questionamentos impostos. Há casos nos quais os índices de produtividade do melão saltaram de 18 toneladas por hectare para até 50 toneladas por hectare”, explica o engenheiro agrônomo e analista da Unidade de Projetos e Estudos da 6ª Superintendência Regional da Codevasf, em Juazeiro (BA), Rodrigo Ribeiro Franco Vieira.
A economia de água – prevista no estudo elaborado por técnicos da Companhia – vem se confirmando e, concomitante à redução do tempo de bombeamento, a área plantada está sendo expandida. O secretário-executivo da Área de Gestão de Empreendimentos de Irrigação da Codevasf, Frederico Calazans, diz que na mesma infraestrutura de irrigação, com aproximadamente 40 anos de implantação, além do acréscimo da área irrigada, houve melhoria para os agricultores.
“Mais terra sendo irrigada, com uso mais eficiente da água. A mesma quantidade que antes atendia parcialmente os 400 hectares do perímetro de Mandacaru, hoje atende cerca de 800 hectares – dobrou a capacidade do perímetro – e ainda sobra recurso hídrico para a geração de energia e outros usos”, destaca Frederico Calazans.
As vantagens do novo sistema localizado de irrigação no perímetro de Mandacaru também têm reflexos sobre o meio ambiente com a eliminação da erosão superficial e diminuição do assoreamento no rio São Francisco e a redução do volume de água bombeada do rio.
“O melhor uso que a Codevasf está fazendo do recurso água está impactando a vida das pessoas e contribuindo para a convivência com a seca”, avalia o secretário Nacional de Irrigação, do Ministério da Integração Nacional, Miguel Ivan Lacerda de Oliveira.
A mudança do sistema de irrigação do perímetro de Mandacaru começou em 2011 com a implantação de um projeto-piloto pela 6ª Superintendência Regional da Codevasf, em Juazeiro (BA). Entre os objetivos estava o de aumentar a competitividade dos agricultores familiares com a melhoria nos índices de produtividade e na qualidade dos produtos. A metodologia criada e empregada em Mandacaru está sendo replicada nos perímetros de Bebedouro, em Petrolina (PE), Maniçoba e Curaçá, ambos em Juazeiro.
Assistência Técnica
Deuzival Saraiva de Souza, que recebe também a ajuda do filho mais velho, de 22 anos, na plantação – o mais novo, de 18 anos, ainda estuda –, ressalta a importância da assistência técnica oferecida aos produtores do perímetro. “É muito importante o apoio que nós recebemos para nos adaptarmos e ganharmos o conhecimento para começar a produzir. Tem que ter alguém para orientar, para que a gente pegue o ritmo”, observa o agricultor familiar.
O engenheiro agrônomo da Codevasf Rodrigo Ribeiro Franco Vieira afirma que a assistência técnica e extensão rural (Ater) é uma necessidade constante e faz parte do projeto. “O cultivo de cada agricultor familiar tem uma especificidade que precisa de atenção”, aponta.
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