Brasileiros que passaram pela experiência de serem demitidos pelo Ultimate contam como seguiram suas carreiras e dão conselhos a Vinny Magalhães
O UFC, nome de maior destaque quando se fala de MMA, ajudou, e muito, a transformar as artes marciais mistas no esporte que mais cresce no mundo. Criado em 1993 pelo brasileiro Rorion Gracie, ainda sob um formato onde os atletas se enfrentavam várias vezes na mesma noite até que um fosse o campeão, a organização, hoje presidida por Dana White, é considerada o ponto mais alto da carreira de um lutador. Estar nela significa ter acesso a oportunidades de patrocínios mais vantajosos, melhores condições de treino e a uma melhor remuneração nas bolsas. Esse status, quando perdido, gera algumas reações inesperadas, como a do brasileiro Vinny Magalhães, que afirmou pensar em se aposentar aos 29 anos de idade, caso seja demitido do UFC.
– As pessoas reclamam que o UFC paga mal, mas, se você olhar os outros eventos que temos por aí, a situação é pior ainda. Então, caso eles me demitam, não vejo sentido algum em continuar lutando em outro show. Se for para lutar por uma merreca, eu prefiro abrir a minha própria academia que vai ser bem mais rentável e eu já tenho um dinheiro guardado para esse projeto – disse Vinny à “Ag. Fight”.
Entretanto, na opinião de alguns atletas brasileiros demitidos do UFC em 2013, esse não é o melhor caminho a seguir. Devido ao fato do Strikeforce e Pride terem sidos englobados pelo Ultimate, alguns lutadores voltaram a participar de eventos nacionais, enquanto outros tentam se manter em evidência internacional, atuando em organizações americanas.
Para o peso-pena Diego Nunes, que esteve na onda de dispensas do UFC no início do ano após perder para Nik Lentz em janeiro, a saída do Ultimate resultou em melhores oportunidades no Bellator, hoje tida como a segunda maior organização de MMA do mundo. O atleta da XGym, que se prepara para a luta contra Patrício Pitbull, dia 13 de setembro, afirmou que discorda de Vinny Magalhães no que se refere às premiações. O lutador planeja entrar para o time dos casados graças às bolsas do evento.
– Essa vai ser uma luta muito importante para mim, pois é a luta do meu recomeço. O Pitbull é um lutador muito forte, um dos mais duros com quem eu já lutei e por isso, estou me preparando há três meses na XGym, fazendo um camp muito forte. Treino com os melhores caras, como o Ronaldo Jacaré, por exemplo, e com as melhores estruturas na academia. E a minha motivação é muito grande porque eu quero fazer meu casamento, construir minha família com o dinheiro do Bellator. Não adianta se desesperar com a demissão. Tem que ter paciência e não perder a fé. Sempre aparecerão oportunidades melhores. O UFC não é o último lugar do mundo. No Bellator, eles respeitam muito e não brincam com o atleta – disse o lutador de 30 anos, que tem 18 vitórias e quatro derrotas na carreira.
Além de Diego Nunes, seu próximo adversário, Patrício Pitbull, e Dudu Dantas afirmaram recentemente que não trocariam o Bellator pelo UFC, inclusive fazendo críticas à maneira como Dana White casa algumas lutas. Eles acreditam que o modelo do Bellator para chegar a uma disputa de cinturão é mais justo com o atleta, que precisa vencer um torneio em sua categoria para depois desafiar o campeão da divisão.
Entretanto, nem todos os brasileiros demitidos pelo UFC tiveram a mesma capacidade de absorver o difícil golpe. Pedro Nobre, atleta da Braziliam Top Team, demitido após única luta no Ultimate contra Iuri Marajó, passou por momentos difíceisem sua vida, onde chegou a se entregar à depressão e às bebidas alcóolicas.
– Foi uma coisa muito dolorosa. Briguei com a depressão, foi difícil pra caramba. Acabei tentando que me encontrar em bebidas para me manter alegre. Foi uma coisa muito difícil – revelou o lutador, que começou a dar a volta por cima recentemente, após nocautear Eduardo Felipe no Web Fight, em julho, conquistando o cinturão do evento.
Para mostrar que existe vida após o UFC, o meio-pesado Wagner Caldeirão manda um recado para Vinny Magalhães. O lutador da RETZ/Team Nogueira, mostrou maturidade ao lembrar como superou a pressão por sair da maior organização de MMA do mundo para continuar vivendo do esporte no Brasil.
– Eu peguei dois lutadores muito duros, mas a gente vive de resultados. Na verdade, o Vinny não pode parar. A gente não pode desistir. É mais uma para a gente aprender e continuar com a pegada forte. Eu vou continuar trabalhando, e claro, se eu tiver mais uma oportunidade de voltar ao UFC, eu vou me dedicar ainda mais. Porém, eu estou com minha luta contra o Rafael Monteiro marcada para 7 de setembro, em São José dos Pinhais, no Paraná, pelo Iron Fight Combat e estou trabalhando muito para voltar a sentir o gosto da vitória – disse Caldeirão.
Fonte: Globo – Conbate
adicionar comentário