A longa estiagem no semiárido baiano não foi um empecilho para o produtor Veríssimo Pereira investir, este ano, na propriedade onde cria 70 caprinos e ovinos, comunidade Baixa Funda, zona rural da cidade de Uauá. Daqui a seis meses, ele vai fazer a primeira colheita de palma adensada. Não é nenhuma variedade diferente da que ele já plantava. O produtor mudou o jeito de plantar e a produtividade, agora, deve ser maior que antes. A novidade da técnica, denominada de “cultivo intensivo”, é o menor espaçamento entre uma “raquete” e outra que permite o melhor aproveitamento da área plantada. “O plantio está se desenvolvendo bem e já dá para perceber que a gente vai ter mais palma para dar aos bichos”, avalia Edilson Pereira, filho do produtor, que ajuda o pai na produção.
Quem ensinou o novo jeito de plantar à família do produtor foi o ADRS (Agente de Desenvolvimento Rural Sustentável), Wermerson Matos, que é técnico em agropecuária e, desde o início do ano, faz, pelo menos, uma visita por mês à propriedade, orientando sobre melhores práticas. A atividade de orientação técnica é a primeira atuação no campo do Bioma Caatinga (Programa de Inclusão Produtiva da Ovinocaprinocultura do Semiárido da Bahia), desenvolvido nos municípios de Remanso, Casa Nova, Juazeiro, Curaçá e Uauá. O Sebrae e a Fundação Banco do Brasil, que coordenam o programa, concentraram esforços nessa área por representar 70% dos rebanhos caprino e ovino do Território Sertão do São Francisco, segundo o IBGE.
Nas cinco cidades, estão atuando 40 Agentes de Desenvolvimento Rural Sustentável, acompanhando 1200 produtores. “Esses profissionais moram perto das comunidades onde atuam, acompanham a rotina do produtor rural, conhecem suas necessidades e, além do conhecimento técnico que estão repassando, trabalham na construção de um elo entre o campo e as instituições que podem ajudar a melhorar as condições de vida nessas localidades”, ressalta o analista do Sebrae e secretário do Bioma Caatinga, Robério Araújo. Além da orientação de como plantar palma adensada e outras forragens, os produtores estão aprendendo técnicas de armazenamento e cuidados veterinários.
O Bioma Caatinga planeja a sustentabilidade da cadeia produtiva baseada em eixos estruturantes, como orientação técnica e pesquisa; promoção da segurança sanitária; organização e mobilização social; gestão de empreendimentos, além de comercialização. O primeiro ciclo de atividades será concluído em dezembro deste ano. Estão previstos outros dois ciclos anuais, com recursos assegurados pela Fundação Banco do Brasil para a continuidade dos trabalhos dos ADRS.
“A estratégia de Desenvolvimento Rural Sustentável do Banco do Brasil prevê, atualmente, uma atuação com foco não só sobre a cadeia produtiva da ovinocaprinocultura, mas considerando as condições de todo o território onde essa cadeia está inserida”, afirma o coordenado do Bioma e superintendente de Negócios do BB, Romeu Schiavon. A condução do programa em cada cidade é de responsabilidade do Comitê Municipal do Bioma Caatinga, formado por representantes de diversas instituições, como associações, prefeitura e sindicatos. É através de reuniões frequentes que as atividades do Bioma devem ser orientadas, considerando as demandas que surgem por intermédio dos representantes no comitê.
Informações:Juliana Souza
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