Argentina tem até fim de julho para renegociar dívidas e evitar calote

 Argentina tem até fim de julho para renegociar dívidas e evitar calote

A história da dívida argentina ganha mais um capítulo: encerrou-se ontem (30) o prazo para pagamento de uma parcela de um título público, chamado Discount, que o país deve a credores que aceitaram renegociar a dívida em 2005 e 2010. Os contratos de reestruturação, no entanto, garantem que o país tenha ainda 30 dias para tentar rever o valor e evitar que o calote de 2001 se repita. Ainda que a Argentina tenha recursos para pagar os títulos, a Justiça norte-americana determinou que o país deveria quitar, antes de mais nada, a dívida de US$ 1,3 bilhão com fundos-abutres que não participaram das renegociações, o que agrava ainda mais sua situação econômica.

Na visão do cientista político Emir Sader, a Argentina vive um momento “difícil e dramático”, e a saída que resta ao país será tentar parcelar ou rever o valor devido com os credores. “De qualquer maneira é doloroso. Isso significaria uma flexibilização ou da parte do juiz ou da parte dos fundos credores. Os fundos disseram que a posição da Argentina não é de renegociar e estão sentados esperando com a faca e o queijo na mão”, afirma.

“É uma situação política difícil e a Argentina, pela primeira vez desde 2002, já teria uma economia em recessão este ano. Com esse fator pesando psicológica e economicamente, com certeza vai se aprofundar a recessão. Também há uma pressão forte sobre a inflação que já passou dos 30% ao ano, pressão forte sobre o preço do dólar. Algum tipo de renegociação, de parcelamento, mas de qualquer maneira vai recair o peso sobre a economia argentina.”

Sader ainda ressalta que apesar de o país ter apoio de organismos da comunidade internacional, como Fundo Monetário Internacional (FMI), Grupo dos 77, presidido pela China, Mercosul e Organização dos Estados Americanos (OEA), falta ainda ao governo argentino solidariedade de sua própria população.

“Solidariedade existe, mas nenhuma delas se traduz em ações concretas. O que é dramático também é que os governos de direita que contraíram essas dívidas aproveitam para desgastar ainda mais o mandato de Cristina Kirchner. Falta solidariedade interna. O governo tinha conseguido uma boa arquitetura de renegociação, mas os organismos internacionais aparentemente querem penalizar a Argentina para que não seja um ‘mau exemplo’ para países como Grécia, Espanha, Portugal, Ucrânia, que têm dificuldade de pagamento”, completa.

Leia Também

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *