Cerca de R$ 5,3 milhões serão investidos pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) para estabelecer uma rede de multiplicação e distribuição de manivas-semente de mandioca com qualidade genética e fitossanitária na Bahia. O Projeto de Desenvolvimento Sustentável de Mandiocultura (Reniva) deve beneficiar cerca de 3 mil agricultores familiares nos 115 municípios da área de abrangência da Codevasf no estado, situados em 13 territórios de identidade.
As ações, que serão executadas por meio de convênio com a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Reforma Agrária, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri), envolvem a instalação de Unidades Técnicas Demonstrativas (UTDs), a construção de 100 Unidades de Propagação Rápida de Mudas (UPRs) e a aquisição de veículos, máquinas e implementos agrícolas. A Seagri terá contrapartida de R$ 594,3 mil, e o valor total do convênio é, portanto, da ordem de R$ 5,9 milhões.
Uma das vertentes do projeto Reniva é promover a propagação de materiais comprovadamente livres de vírus e outras doenças, como a bacteriose, a podridão radicular e o super alongamento, por meio das técnicas de micropropagação e multiplicação rápida em associações com grupos produtores organizados. Esses patógenos podem ser detectados em quase todas as manivas utilizadas para plantio no território baiano, causando até 80% de redução na produtividade e 50% de perda no acúmulo de amido.
“A operacionalização desse projeto irá contribuir para o aumento substancial da quantidade e qualidade dos materiais propagativos (manivas) disponibilizados aos agricultores familiares, o que irá cooperar para a sustentabilidade da mandiocultura no estado da Bahia”, salienta Rosangela Soares Matos, chefe da Unidade de Arranjos Produtivos da Codevasf.
A Embrapa é uma das entidades parceiras na execução do projeto. O engenheiro agrônomo Hermínio Souza Rocha, da Unidade Mandioca e Fruticultura, com sede em Cruz das Almas (BA), explica como funcionará esse processo: “A ideia principal é dotar os próprios produtores rurais familiares de material genético livre de doenças e pragas e, também, transferir a tecnologia para a multiplicação massal de manivas de mandioca para que essas comunidades tenham acesso ao material de plantio em quantidade suficiente e nos períodos mais demandados para a formação de seus campos de produção”.
A seleção dos agricultores familiares será feita pela Seagri. Os beneficiários devem estar cadastrados no Cadastro Único para Programas Sociais – CadÚnico, do governo federal, prioritariamente com renda per capita familiar mensal de até R$ 77,00, que caracteriza o público de extrema pobreza.
Paulo Luiz Rodrigues é produtor de mandioca há 10 anos em Irecê (BA) – um dos municípios a serem contemplados com o projeto Reniva. Ele produz para consumo próprio, mas consegue vender o excedente. Para o agricultor, esse tipo de incentivo à produção é muito importante. “O governo precisa investir para que a gente consiga produzir mais e melhor. É preciso ter, também, programas para compra do nosso produto, pois, em geral, a gente repassa a um preço muito baixo”, sugere.
Inclusão produtiva
Em sua área de atuação, a Codevasf está investindo, em 2013 e 2014, R$ 30 milhões no Projeto Reniva. Os investimentos estão inseridos no eixo inclusão produtiva do Plano Brasil Sem Miséria e são repassados à Companhia por meio da Secretaria de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional (SDR/MI). O objetivo é ampliar a área de plantio e fortalecer a cadeia produtiva da mandioca, garantindo acompanhamento técnico e irrigação às áreas de produção.
Mobilização, cadastramento, seleção e acompanhamento de agricultores familiares estão no leque de ações propostas pelo projeto. Além da multiplicação de manivas-sementes melhoradas e da implantação das áreas de produção, também fazem parte do projeto a implantação de unidades de beneficiamento e processamento de mandioca e a aquisição de equipamentos para estruturação dos Arranjos Produtivos Locais (APLs).
Cultura versátil
A mandioca, macaxeira ou aipim (Manihot esculenta Crantz) tem origem na América do Sul e representa um dos principais alimentos energéticos para mais de 700 milhões de pessoas, principalmente nos países em desenvolvimento. Mais de 100 países produzem mandioca, sendo que o Brasil participa com 10% da produção mundial (é o segundo maior produtor do mundo).
De fácil adaptação, a mandioca é cultivada em todos os estados brasileiros, situando-se entre os oito primeiros produtos agrícolas do país, em termos de área cultivada, e o sexto em valor de produção. A Bahia destaca-se como o terceiro maior produtor nacional.
A cultura é bem tolerante à seca e possui ampla adaptação às mais variadas condições de clima e solo. A produtividade média varia de 15 a 20 toneladas por hectare. O rendimento industrial varia de 25 a 30%, ou seja uma tonelada de raízes produz cerca de 300 quilos de farinha.
Apresenta uma grande diversidade genética, possibilitando um grande número de variedades disponíveis para recomendação de plantio, de acordo com a finalidade de exploração. Entre as principais cultivares estão: Cigana, Cidade Rica, Maragogipe, Manteiga, Saracura e Casca Roxa.
Os produtos das raízes para alimentação humana são a farinha, a fécula, o beiju, o carimã, dentre outros. A fécula é bastante utilizada nas indústrias de alimentos, como em outras indústrias.
Informações: Seagri/BA, Embrapa e Ceplac