Remanso

Há 15 anos agricultora de Remanso pratica ações de convivência com o semiárido

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Durante seus quase 25 anos de luta pela Convivência com o Semiárido brasileiro, o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa) já realizou diversos momentos de formação com agricultores e agricultoras do sertão baiano. Uma dessas famílias é a de D. Marinalva Ferreira Souza e o esposo Afonso, moradores/as da comunidade de Maravilha, interior de Remanso. Segundo D. Marinalva, aproximadamente quinze anos atrás, o Irpaa esteve em sua comunidade reunindo os/as moradores/as para uma reunião, momento que abordou diversas temáticas de como conviver com as peculiaridades da região, entre elas, a estocagem de forragens para alimentar os animais, cuidado com a natureza, beneficiamento de frutas da Caatinga e demais alternativas que proporcionam a produção de forma equilibrada com o meio ambiente.

Uma das práticas apreendida pelo casal de agricultores foi à produção de forragem a partir das folhas, “eu guardo as folhas de leucena… elas me servem muito, porque é o alimento. A partir do mês de setembro a Caatinga não produz mais, já acabou as folhagens e a gente passa a assoar os animais com o feno que a gente tem dentro de casa”, afirma a agricultora. A agricultora lembra que no ano que não pode realizar essa prática, tem prejuízo com a criação de ovelhas durante o período de estiagem. “Os borreguinhos morrem por falta de alimentos”, constatando a importância e a viabilidade do uso sustentável da Caatinga na garantia de melhor qualidade do rebanho e na condição digna de vida das famílias do campo. Além de fazer feno, a agricultora também apreendeu a fazer sabão caseiro, licor e doce do umbu, alimentos apreciados por parentes que moram em outros estados do Brasil.

Outra prática de Convivência com Semiárido realizada pelo casal é a estocagem de sementes. Além de guardarem as sementes de feijão, milho, também armazenam as sementes de plantas forrageiras e de frutíferas para plantar na roça. “Eu tenho orgulho de vê e de saber que eu sou uma lavradora, eu não tenho vergonha… da roça eu sei capinar, sei abrir uma cova para plantar feijão…faço cerca… eu sou uma mulher que de tudo eu faço e gosto de fazer”, afirma D. Marinalva.

Reencontro 

Do primeiro contato com o Irpaa, a agricultora guarda a cartilha “A roça na Caatinga”, produzida pela entidade e outros informativos que abordam ações de Convivência com o Semiárido,materiais que ela conserva com muito carinho eorgulho. “Eu guardo em sacolinha, quando a sacola rasga, eu troco com todo cuidado”, pontua a agricultora. Ela incentiva o seu neto a ler os informativos e levou o material para a escola da comunidade, pois considera importante que as crianças apreendam sobre a realidade de sua região, mas disse que a proposta não foi levada a frente pela gestão escolar.

Até o retorno do Irpaa ao município, através do Projeto de Assessoria Técnica e Extensão Rural (Ater), por um longo período, o casal de agricultores não teve informações sobre o Irpaa. Dona Marinalva conta que procurou notícias do Instituto, mas ninguém sabia lhe informar. Mas hoje, para sua alegria, ela é uma das beneficiárias do serviço de Ater realizado pela entidade. De acordo com agricultora, tudo que for apresentado pelo projeto vai colocar em prática, “não quero desperdiçar nada”, pontua D. Marinalva.

Informações:  Irpaa