O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em depoimento à Polícia Federal (PF) que será candidato à Presidência da República em 2018 e que espera que alguém lhe peça desculpas após a conclusão das investigações.
Nesta segunda-feira (14), a Justiça Federal colocou em seu sistema a transcrição das declarações de Lula aos delegados da PF no dia 4 de março, quando foi deflagrada a 24ª fase da operação, da qual o ex-presidente é um dos alvos. O depoimento ocorreu no aeroporto de Congonhas, na capital paulista, e durou mais de três horas.
O ex-presidente nega as acusações feitas pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela PF no âmbito da Lava Jato. Também comenta e nega as acusações do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) sobre sua suposta ligação com o triplex no Guarujá e ataca os promotores.
A 24ª fase da Operação Lava Jato investiga a relação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e familiares com empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras.
O MPF e a PF dizem ter encontrado indícios de que Lula recebeu vantagens indevidas, como um apartamento e reformas em imóveis, além de doações e pagamentos por palestras via Instituto Lula e a empresa Lils Palestras, que pertence ao ex-presidente.
O MPF diz que o instituto recebeu de empreiteiras investigadas na Lava Jato R$ 20 milhões em doações e que a Lils Palestras recebeu R$ 10 milhões.
Investigadores querem saber se os recursos vieram de desvios da Petrobras e se foram usados de forma lícita. Parte do dinheiro foi transferido do Instituto Lula para empresas de filhos do ex-presidente, e o MPF apura se os serviços foram de fato prestados.
Triplex no Guarujá
O ex-presidente reafirmou que o apartamento triplex no condominío Solaris, em Guarujá, não pertence a ele. Disse que se sente desrespeitado e afirmou que os promotores do MP-SP terão que comprovar que o apartamento é dele.
Para o ex-presidente a investigação é uma “sacanagem homérica” e avaliou que participa do caso mais complicado da história jurídica do Brasil.
A ligação de Lula com o apartamento é investigada pelo MP-SP e também pelo MPF.
Na Justiça de São Paulo, Lula foi denunciado, na última quarta-feira (9), pelos crimes de falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, além de ter um pedido de prisão que ainda está sendo analisado.
O MPF apura se os apartamentos do Solaris foram usados para lavar dinheiro de propina no esquema de corrupção na Petrobras.
“[…] Porque tenho um apartamento que não é meu, eu não paguei, estou querendo receber o dinheiro que eu paguei, um procurador disse que é meu, a revista Veja diz que é meu, a Folha diz que é meu, a Polícia Federal inventa a história do triplex que foi uma sacanagem homérica, inventa história de triplex, inventa a história de uma off-shore do Panamá que veio pra cá, que tinha vendido o prédio, toda uma história pra tentar me ligar à Lava Jato”.
Lula reconheceu que foi ao apartamento e afirmou à polícia que o imóvel era inadequado.
“Quando eu fui a primeira vez, eu disse ao Léo que o prédio era inadequado porque além de ser pequeno, um triplex de 215 metros é um triplex “Minha Casa, Minha Vida”, era pequeno”.
Léo, é Léo Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS. Ele foi condenado por envolvimento do esquema de corrupção da Petrobras.
