O atacante santista, elogiado por suas atuações na temporada, entrou para o nem tão seleto grupo dos jogadores profissionais que confundiram coragem com violência. Poucas atitudes podem ser mais baixas que uma cusparada no rosto e não há “clima de Libertadores” que justifique tamanho descontrole. Bruno Henrique, que passou os últimos anos na civilizada liga alemã, relembrou seus tempos de várzea – se bem que na várzea as consequências poderiam ser piores que um simples tapa e um cartão vermelho. O técnico Levir Culpi o condenou. “Demos demonstração de imaturidade. Se compararmos a história do futebol brasileiro ao do equatoriano, ficamos chateados por perder na malandragem.”
Na mesma partida na Vila Belmiro, o atacante uruguaio Jonatan Álvez, do Barcelona, cometeu uma das atitudes mais infantis – e corriqueiras – do futebol: tirou a camisa ao comemorar um gol. Assim como Bruno Henrique, o jogador vem brilhando em 2017, mas, tomado pela emoção, não conteve o desejo de exibir seus músculos ao mundo todo. Levou, claro, o cartão amarelo.
Na sequência, foi expulso por abrir demais o braço e atingir o santista Alison. O árbitro deu vermelho direto, mas Álvez não poderia reclamar, pois um segundo amarelo significaria a mesma coisa: ausência no jogo de ida da semifinal contra o Grêmio. Se quiser agir como um clube profissional, o Barcelona de Guayaquil não deve relevar: uma multa, mesmo após marcar o gol histórico, talvez doesse mais em Alvez do que a suspensão.
Por fim, o papelão de Rodriguinho. Jogador com convocações para a seleção brasileira de Tite, o meia do Corinthians agiu feito um juvenil inexperiente ao dar uma solada e ser expulso com menos de dois minutos em campo na eliminação para o argentino Racing, em Avellaneda, pela Copa Sul-Americana. Rodriguinho ainda usou o argumento mais furado possível para este tipo de situação. “Foi minha primeira falta”, berrava ao árbitro, como se isso atenuasse a gravidade de sua agressão.
Mais uma vez, o excesso de “raça” confundida com violência prejudicou o Corinthians em uma competição internacional. Os torcedores lembram com desgosto das expulsőes de Guinei, Roger, Cachito Ramirez, Guerrero, Jadson, Fábio Santos e outros em situações semelhantes. Para completar o vexame, diversos atletas do Corinthians, especialmente Fagner, deixaram Buenos Aires culpando o árbitro uruguaio Leodan González, que atuou bem, pela eliminação. Diante do fraco (quase covarde) Racing, o Corinthians não avançou à próxima fase por suas próprias falhas – técnicas e disciplinares.
Fonte: Veja