A final entre o anfitrião Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos, e o Real Madrid, às 14h30 (de Brasília), pode ser a última antes da aprovação de um novo formato para o Mundial de Clubes.
A Fifa não aguenta mais o torneio nos moldes atuais, que se vê sem atratividade e, mais importante na cabeça dos dirigentes, sem rentabilidade suficiente.
O próximo passo depende das discussões entre os dirigentes do mais alto escalão do futebol mundial. A preferência da Fifa é por um torneio a cada quatro anos, nos moldes da Copa do Mundo, com 24 participantes divididos em oito grupos. Os vencedores de cada chave se enfrentariam em mata-mata a partir das quartas de final. No calendário internacional, o Mundial substituiria a Copa das Confederações, em junho.
Trava europeia
Por parte dos europeus, seria interessante porque não haveria interrupção nos campeonatos nacionais, como faz o Real Madrid pelo terceiro ano seguido.
A Fifa estabeleceu uma força tarefa para discutir o Mundial de Clubes. O secretário-geral adjunto, o ex-meia croata Zvonimir Boban, encabeça os debates. Novas reuniões estão previstas para fevereiro. Em março, em Miami, o Conselho abordará o tema. Para quem participa das entranhas da entidade, há a certeza de que o Mundial não sobreviverá no modelo atual.
A Fifa está de olho em uma proposta de US$ 25 bilhões (R$ 97 bilhões), feita por um grupo de investidores, para “turbinar” o Mundial e explorar a competição por 12 anos. O conglomerado japonês SoftBank encabeça a empreitada e tem suporte de investidores dos EUA e de países do Oriente Médio.
Metade desse dinheiro seria para outra competição: uma versão da Liga das Nações que envolva não só a Uefa, mas as outras confederações continentais. E esse foi o motivo de os europeus travarem, até agora, o “sim” à proposta.
Entre as pendências para o desenho do novo Mundial de Clubes está a representatividade. Da Europa, viriam 12 clubes. A Fifa ofereceu quatro vagas diretas à Conmebol para os últimos campeões da Libertadores. Uma quinta vaga viria da disputa entre os últimos quatro campeões da Sul-Americana. Este ainda jogaria um playoff contra um representante da Oceania. A entidade sul-americana não ficou satisfeita e quer mais vagas entre os 24 participantes.
Independentemente do que vier a acontecer com a Liga das Nações, o fato é que o Mundial de Clubes está muito mais perto de conhecer sua sentença.
Real muito favorito
Mesmo ainda adaptando-se à era sem Cristiano Ronaldo e com uma temporada de altos e baixos, não dá para tirar do Real Madrid o favoritismo à conquista do terceiro Mundial consecutivo. Por mais que a torcida local esteja em êxtase pela façanha do Al Ain, que eliminou o River Plate, campeão da Libertadores, na semifinal, só uma zebra histórica evitaria a chegada de mais um troféu à galeria madrilenha.
—Encaramos o jogo com a maior esperança e o máximo respeito pelo adversário. O River era favorito, mas já vimos que com o escudo não se ganha a ninguém — pontuou o zagueiro Sérgio Ramos, capitão do Real.
O defensor, inclusive, irritou-se na coletiva quando foi indagado sobre a possibilidade da volta do técnico José Mourinho, recém-demitido do Manchester United:
— Temos a possibilidade de ganhar um título e estamos falando de Mourinho.
No lado mais fraco, o técnico do Al Ain usou uma comparação automobilística para expressar a disparidade do confronto na final.
— Eles são um Mercedes e nós um Smart, que às vezes pode ganhar se o motor do Mercedes quebrar — disse o croata Zoran Mamic, cuja equipe deixou pelo caminho Team Wellington, da Nova Zelândia, e o Espérance, da Tunísia, além do River.
Ainda engolindo a frustração pela derrota nos pênaltis para o Al Ain, o time argentino disputa o terceiro lugar com o Kashima Antlers, às 11h30 (de Brasília).