Cinema

Com ‘X-Women’ e Capitã Marvel, mulheres devem dominar o cinema-gibi em 2019

A convenção de fãs de quadrinhos e cinema de super-heróis CCXP encerrou o ano dando ao público uma prévia animadora do que será exibido no gênero nas telas em 2019, mostrando trechos inéditos de filmes aguardados com fervor e mantidos em forte segredo. E as mulheres devem dominar o ano. O novo exemplar da franquia X-Men, “Fênix Negra”, com 15 minutos de cenas inéditas apresentadas, é o marco da invasão das superpoderosas. Em uma das cenas, a mutante Mística (Jennifer Lawrence) discute com o Professor Xavier (James McAvoy). Furiosa, ela diz: “Quem sempre resolve as coisas por aqui nos piores momentos são mesmo as mulheres. Está na hora dessa equipe se chamar X-Women!”. Bastou para ser a piada-sensação da CCXP. “X-Men: Fênix Negra” tem três personagens fundamentais na trama: as mutantes “mocinhas” Mística e Jean Grey (Sophie Turner) e Smith, a vilã alienígena interpretada por Jessica Chastain. As duas últimas estiveram em São Paulo e conversaram com a reportagem. Duas vezes indicada ao Oscar por dramas, Chastain ainda se surpreende com a reação barulhenta dos seguidores do cinema-gibi. “Parece que estou jogando futebol num estádio lotado. É mesmo muito diferente do comportamento dos fãs num festival de cinema.” Ela tenta defender que “Fênix Negra” também tem personagens masculinos interessantes, mas acaba cedendo ao protagonismo das heroínas. “Sei que filme de ação já foi um ambiente mais masculino, mas a gente não pode estar fazendo todo esse movimento fora das telas sem isso se reflita num cinema de intenso posicionamento das mulheres.”
Mais acostumada à entusiasmada adoração dos nerds, porque interpreta Sansa Stark na série-culto “Game of Thrones” e já participou do filme anterior dos X-Men, “Apocalipse” (2016), Sophie Turner era só tranquilidade no meio do turbilhão da convenção. Do alto da fleuma britânica, tinha uma opinião pragmática sobre a invasão feminina. “Acho natural, vejo uma questão social e, acredito, também um aspecto comercial. O número de meninas nas convenções é cada vez maior, deixou de ser um reduto dos garotos. Então elas precisam se sentir representadas na tela, é bom para os negócios.” As X-Women podem ser um grupo de peso, mas quem balançou a CCXP foi mesmo Brie Larson. Vencedora do Oscar por “O Quarto de Jack” (2015), ela ganhou o papel feminino mais cobiçado nessa banca de gibis em que Hollywood se transformou. “Capitã Marvel” estreia em março e teve cenas espetaculares exibidas em primeira mão. Embora não fosse até pouco tempo um personagem de primeira linha nos gibis da Marvel, ofuscada por machos-alfa como Thor, Capitão América e Homem-Aranha, a Capitã Marvel ganhou papel dominante no universo cinematográfico da editora. Após seu filme individual, que contará como a garota humana ganha poder cósmico para combater o mal interplanetário, a Capitã Marvel será estrela no quarto filme dos Vingadores, que estreia em abril. O megavilão Thanos desintegrou metade da população do universo no final do filme anterior, incluindo boa parte dos heróis reunidos para enfrentá-lo, e a Capitã surgirá como a maior esperança contra ele.

“Entrar no time da Marvel já seria incrível, mas fazer o papel da criatura mais poderosa entre todos os heróis é uma loucura. Na hora mais difícil, uma garota pode fazer a diferença nesse mundo de homens”, diz, quase eufórica. Mas em seguida ela segura o entusiasmo. “Claro que adoro a ideia, mas não gosto muito de ficar defendendo que as mulheres estejam vivendo um momento particularmente especial.” Larson diz que boas personagens e grandes atrizes estão por aí há décadas. “Apenas estamos usando uniforme apertado e quebrando a cara dos malvados, é isso.” Sobre a sensação que teve quando vestiu pela primeira vez o uniforme vermelho, azul e dourado da Capitã Marvel, disparou: “Não foi uma reação tão incrível. Na verdade, a primeira coisa que me veio à cabeça foi descobrir como ir ao banheiro vestindo aquele traje”. Outra atriz que passou por São Paulo já interpretou a mutante Kitty Pride em dois “X-Men”, mas em 2019 dispensa uniforme em seu novo personagem. A diminuta Ellen Page, que despontou no filme independente “Juno” e nos últimos anos divide a carreira na tela com a militância gay, faz parte do grupo de jovens super-heróis “The Umbrella Academy”, nova série da Netflix, que estreia em fevereiro. “Eu adoro super-herói! Tenho os bonequinhos, tenho um da Kitty Pride com a minha cara. Queria ter superpoderes contra a estupidez humana, contra cada coisa que faz a luta das mulheres retroceder etapas que já pareciam conquistadas”, disse a atriz. “Girl power!”, berrou. Para aumentar a onda, 2019 começa e termina com meninas raivosas. Peter Jackson lança em janeiro o primeiro filme da provável franquia “Máquinas Mortais”, mistura futurista de “Monty Python” com “Mad Max” com Hera Hilmar, islandesa importada por Hollywood. Em dezembro, vem o nono (último?) episódio de “Star Wars”, quando será possível avaliar os resultados do treinamento Jedi da heroína Rey, papel da inglesa Daisy Ridley. O mais curioso: se a Capitã Marvel cumprir as expectativas e se tornar o item mais quente do universo cinematográfico de seu estúdio, está preparado um duelo com a rival DC Comics em 2020, com o segundo longa da já quentíssima Mulher-Maravilha. Definitivamente, mulheres com superpoderes estão no poder. (por Thales de Menezes | Folhapress)

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