Haddad cita aliança contra Bolsonaro e avisa: ‘Temos que preparar o segundo turno antes do primeiro’
O ex-prefeito de São Paulo e atual pré-candidato à presidência da República pelo PT, Fernando Haddad, comentou o desgaste de Jair Bolsonaro na presidência da República diante do momento do país. Em entrevista a Mário Kertész hoje (23), na Rádio Metrópole, ele afirma que é necessário compreender a falta de projeto político do atual governante do país. “Existe um desgaste de Bolsonaro. As pessoas não conheciam, com exceção dos políticos mentirosos que apoiaram o Bolsonaro dizendo que era uma novidade, sendo que ele tinha 30 anos na vida pública e todo mundo sabia quem ele era. Com a exceção desses políticos mau-caráter, a população não conhecia Bolsonaro e nem tinha a obrigação de conhecer. Ele era um deputado federal medíocre que ninguém conhecia a não ser para rir nos programas de humor”, afirmou o ex-ministro.
Ainda segundo Haddad, é necessário juntar forças para o segundo turno contra o atual presidente. Ele culpou parte da direita e políticos do PDT pelo apoio a Bolsonaro em 2018. “Temos que preparar o segundo turno antes do primeiro. Quem deu a vitória a Bolsonaro foi a direita que apoiou a extrema-direita. Nunca imaginei que o PSDB e uma parte significativa do PDT fossem acompanhar o Bolsonaro. Tivemos três candidatos a governador do PSDB e três candidatos a governador do PDT que foram para o segundo turno e declararam voto no Bolsonaro. Bolsodoria foi o mais conhecido, Doria conseguiu a proeza de misturar o nome dele como nome de Bolsonaro, coisa que nenhum político faz. Não se atrela o nome desse jeito a um cara que você nem conhece”, afirmou o petista.
Questionado por MK, Haddad se esquivou sobre a possibilidade de ser candidato a vice-presidente numa chapa com Ciro Gomes (PDT). Ele clamou por uma unidade no campo democrático em prol de uma agenda pelo país.
“Eu acho que se a gente acertar, os chamados democratas de direita ou liberais, um segundo turno de, quem for para o segundo turno, vai ter o apoio dos demais para o descalabro que está o Brasil e botar um projeto nacional na ordem do dia, acho que tudo se acomoda melhor no primeiro turno, inclusive uma chapa que congregue, não digo todo mundo porque é difícil convencer um neoliberal a apoiar uma agenda econômica socialdemocrata”, disse Fernando Haddad.
“Você não vai ter um candidato contra o Bolsonaro, talvez tenha ter mais de um. O importante é um pacto pelo Brasil, pela democracia, pelos direitos sociais, e que pode ser feito desde já. Aí fica muito mais fácil de construir as candidaturas no primeiro turno porque você vai ter o respeito das pessoas pré-estabelecido”, acrescentou.
No entanto, ainda sem citar Ciro, ele avaliou que é necessário “respeito” no campo político e respeito às escolhas políticas. “Tem alguns pressupostos que não são menores. Por exemplo: respeito. É uma coisa essencial na política. Você tem que baixar a bola, assentar, aprumar e aí conversar, que nem gente. E aí acerta o programa. Se houver uma convergência muito grande no programa e se houver uma regra mais clara de escolha do candidato e quem vai representar esse campo, ok. Mas, às vezes, não há uma convergência de programa e aí é legítimo que os partidos apresentem cada um o seu. Não vai acontecer nada de grave se tiver mais que um candidato. Pode ter dois do nosso campo, dois da direita e o Bolsonaro. Cinco candidatos. Teve 13 candidatos em 2018. Se cair para cinco, quatro ou três, está bom”, finalizou o ex-prefeito.