Moradores da Favela do Jacarezinho denunciaram, em vídeos publicados em redes sociais e em relatos à Defensoria Pública, que suspeitos foram executados durante a operação policial na comunidade, na quinta-feira (6).
Na ação mais letal da história do estado do Rio de Janeiro, 25 pessoas foram mortas baleadas – incluindo um policial civil.
Além das denúncias, para defensores públicos fotos compartilhadas em redes sociais e também tiradas por fotojornalistas demonstram que a polícia “desfez” a cena de crimes. Para eles, mais um indicativo de que houve execuções de suspeitos – sem chance de rendição.
“O saldo do dia é muito impactante. Chama atenção uma coisa que eu acho que a gente precisa apurar é quantas dessas pessoas chegaram mortas ao hospital. Isso é um indicativo de que pode ter ocorrido, sim, desfazimento de cena de crime”, afirmou a defensora pública Maria Julia Miranda, que esteve no Jacarezinho na quinta-feira.
Sangue e corpos arrastados
Imagens obtidas pelo G1 mostram a casa de uma das pessoas que vivem na favela com o chão coberto de sangue, e marcas aparentando que corpos foram arrastados pelo piso.
Oficialmente, a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Secretaria de Polícia Civil – grupo considerado de elite que integrou a ação – informou, em nota, ter perseguido dois criminosos que invadiram a casa e fugiram até o segundo andar da residência.
Na versão da polícia, os agentes seguiram os dois homens enquanto moradores ficaram do lado de fora do sobrado. “Os policiais entraram na casa, houve confronto, os policiais reagiram e os traficantes morreram”, resume o texto.
As fotos também foram enviadas à Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no RJ (OAB-RJ). O advogado Rodrigo Mondego, procurador da comissão, contou que uma pessoa que vivia na casa foi para uma área externa, após a invasão.
Depois, segundo o advogado, a testemunha relatou ter ouvido de policiais da Core que ficasse fora de casa, enquanto os policiais estavam no local.
“Ela ficou nervosa, e a polícia disse pra ela ficar do lado de fora. Ela ouviu gritos, e, em seguida, os tiros”, contou Mondego.
Os vestígios de sangue podiam ser vistos em vários pontos da casa.
“Em nenhuma hipótese, se dois suspeitos de crime entrassem em uma casa de uma pessoa trabalhadora em um bairro nobre do Rio de Janeiro, elas seriam executadas lá dentro”, declarou o advogado.
O representante da OAB também lembrou do trauma dessas pessoas viver a situação, além do prejuízo material ao ter a casa “cravejada de balas, sofás inutilizado por causa do sangue”.
Imagens do Globocop mostraram, pela manhã, que bandidos pularam para a casa de moradores para fugir da polícia. Em seguida, policiais também entraram nas residências para perseguir os criminosos.
G1