Um mar de gente formado por consumidores de maconha e ativistas em favor da erva causou euforia nas ruas de Montevidéu nesta terça-feira (10), depois que o Senado do Uruguai aprovou, de forma definitiva, um projeto para regulamentação do comércio e cultivo da droga no país. Os manifestantes aguardaram o resultado da votação em uma praça próxima ao Parlamento do país, onde desde a manhã de terça foi discutida a iniciativa do Legislativo, promovida pelo governo do presidente José Mujica e apoiada pela maioria parlamentar do partido governista Frente Ampla.
“É um momento histórico. O Uruguai é o primeiro país do mundo a regulamentar de forma íntegra o cultivo e o comércio de cannabis”, afirmou Julio Rei, representante da Coordenadoria Nacional para a Regulamentação da Maconha. O grupo convocou uma manifestação no Centro de Montevidéu em favor da legalização da maconha, cujo consumo não é punido no Uruguai há mais de 40 anos.
Vestidos com roupas verdes, os manifestantes caminharam ao ritmo de reggae e cercaram de forma pacífica o Parlamento, para demonstrar seu apoio ao projeto que agora deve iniciar sua fase de regulamentação. “Fumar as minhas plantas não deve ser ilegal”, dizia um dos cartazes, em alusão à regulamentação do cultivo doméstico de maconha para consumo pessoal, que estará limitado a 480 gramas anuais.
Como se fosse um “cachimbo da paz”, vários participantes da passeata passaram cigarros de maconha de mão em mão, enquanto se sentavam nas escadas do Palácio Legislativo. Na concentração, não faltou também outra planta predileta dos uruguaios, a erva-mate, nem as tradicionais tortas para atenuar a “larica” – súbito desejo por doces provocado pelo consumo de certas variedades da Cannabis sativa. Os ativistas comemoraram o fato de o Uruguai ter se transformado em “um país pioneiro” na legalização da maconha e consideraram que “a lei vai significar um avanço nos direitos dos usuários” da droga.
Os manifestantes acompanharam a votação posterior ao debate parlamentar e receberam com calorosos aplausos os senadores que fundamentaram seu voto a favor e com sonoras vaias os que se pronunciaram contra. O recém-aprovado projeto para regulamentação do comércio e do cultivo da maconha no Uruguai estabelece a criação de um órgão estatal regulador que se encarregará de emitir licenças e controlar a produção e a distribuição da droga.
Os consumidores que se registrarem poderão comprar a substância em farmácias especiais, até 40 gramas por mês, ou cultivar em casa até seis plantas, que produzam no máximo 480 gramas por colheita. Também se abre uma porta para novas indústrias, baseadas no aproveitamento do cânhamo (fibras da planta para uso têxtil, entre outros) e do uso terapêutico da Cannabis para elaboração de produtos farmacêuticos.
Fonte: G1
